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PROJETO COM CERTIFICACAO LEED

Em 2009, dez projetos receberam o selo verde, sendo que até 2008 o país tinha apenas quatro construções certificadas. O número de empreendimentos em análise também aumentou. Desse total, 73% estão localizados em São Paulo, 10% no Rio e o restante, distribuído em outros nove estados e no Distrito Federal.
Segundo o diretor-executivo do GBC Brasil, Nelson Kawakami, as construções verdes ainda não representam nem 1% do mercado imobiliário brasileiro.
Nos países europeus, a questão da sustentabilidade é uma cultura tão antiga que já está enraizada. Por aqui, ainda estamos engatinhando em relação ao resto do mundo. Muito se fala, mas ainda falta informação. Ainda hoje, o empreendedor preserva a ideia de que investir em construções verdes requer gastos elevados – ressalta Kawakami.
Ao adotar os parâmetros do selo Leed, explica Kawakami, os gastos com o consumo de energia elétrica e água são reduzidos em 30% e 50%, respectivamente:
-Se pensarmos no ciclo de 25 anos de vida de um prédio, 80% do custo é de sua operação e 20%, da construção. Se você reduz os custos da operação, como os de energia e água, o empreendedor terá vantagens. A diferença é que no Brasil estamos acostumados a olhar a curto prazo.
Instalado há três anos no país, o Green Building Council Brasil criou um comitê formado por 160 profissionais para tornar o selo 100% aplicável por aqui. Seis itens, conta Kawakami, foram incluídos entre os critérios a serem avaliados:
-Um deles trata da geração de desperdícios durante a obra. Quando ela é inferior a 10%, o empreendimento é pontuado. Aqui no Brasil, como não existe cultura de otimização da construção, a taxa passa de 25%.
Os prédios residenciais, em particular, ganham pontos ao instalarem medidores individuais de água e ao usarem a energia solar para aquecê-la, ressalta o diretor-executivo do GBC.
Quando a medição passa a ser por unidade, o morador reduz o desperdício. E o resultado é um consumo 20% menor.
Por aqui, também é considerado, para análise da sustentabilidade, o uso de materiais de construção que possam ser reaproveitados no futuro, além do cumprimento do que é estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e das normas referentes a acessibilidade. O relatório de impacto ambiental também ganhou novas exigências técnicas, que incluem geração de ruído, contaminação do solo e da água, alteração no tráfego e emissões de gás carbônico, entre outras.
Primeiro empreendimento carioca a receber o selo Leed, em 2008, a primeira das duas torres do Ventura Corporate, no Centro, atingiu uma economia de 38,7% no consumo de água. Durante a construção, 41% de todo material empregado era de origem reciclada e 66% da madeira utilizada era certificada.
A água e a energia são as principais commodities do mundo moderno. Estima-se que, no futuro, o custo de ambos terá um aumento substancial. Ou seja, investir em sustentabilidade não será apenas uma mera questão de consciência ecológica – diz Ceotto.
Os benefícios vão para quem opera o prédio e não para quem investe. Por isso, é preciso que haja uma consciência de ambos. Apesar de ainda representarem uma parcela muito pequena do mercado imobiliário nacional, as construções certificadas, destaca o diretor da Tishman Speyer, atuam como fomentadores de novas tecnologias:
– Esses empreendimentos ajudam na formação de uma mão de obra especializada.
COMO CONSTRUIR RESPEITANDO A NATUREZA
- LIXO Um empreendimento ecologicamente sustentável deve implantar uma política de reciclagem, com separação, armazenagem e coleta de lixo.
- ESCOLHA DO TERRENO: A agressão ao meio ambiente é menor se o imóvel for construído em áreas já consolidadas, ou seja, com boa infraestrutura básica.
- MATERIAIS: Uma obra deve utilizar tintas, colas e vernizes com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis.
- CONSUMO DE ÁGUA: Implantação de medidas de consumo racional são essenciais, como torneiras e válvulas de descargas eficientes e medidores individuais.
- ENERGIA: Contam pontos o uso de energias renováveis como a eólica e a solar; e a compra de equipamentos econômicos como, por exemplo, lâmpadas e eletrodomésticos com o selo Procel de economia de energia.
- MADEIRA: A opção deve ser feita pela madeira certificada (que é produzida com baixo impacto ambiental).
- Construtoras e imobiliárias investem em iniciativas e ‘selos alternativos’
Enquanto o selo Leed, concedido pelo Green Building Council (GBC) Brasil,
ainda é uma realidade para poucos empreendimentos, construtoras e até
imobiliárias investem em selos “alternativos” e iniciativas sustentáveis
para tornar mais verde o dia a dia em condomínios e canteiros de obras.
Os resíduos das obras, por exemplo, são reciclados e vendidos. Com essa
renda, compramos cestas básicas para os operários. É um ato sustentável que
estimula a conscientização – destaca Bruno Oliveira, gestor de Marketing da
Calçada.
Iniciativas ajudam a baratear a taxa de condomínio
A administradora Protel, por sua vez, participa da implantação de sistemas
sustentáveis nos condomínios geridos por ela, entre eles, coleta seletiva de
lixo e reaproveitamento da água já utilizada e da chuva. E para despertar o
interesse dos moradores, são realizadas palestras.
De imediato, os benefícios são financeiros. A verba arrecadada com a venda
de produtos recicláveis, por exemplo, é abatida da despesa ordinária do
prédio, resultando numa taxa de condomínio menor.
Tubulações especiais para receber óleo de cozinha
E ainda este ano, conta, uma outra iniciativa sairá do papel. Os quatro
prédios do empreendimento Barra Sunday terão, ao lado das lixeiras dos
corredores, tubulações especiais para o descarte de óleo de cozinha usado.
Depois de armazenado, ele será coletado por uma empresa de reciclagem, em
troca de material de limpeza para o condomínio.
Em Niterói, a construtora e incorporadora Pinheiro Pereira recebeu o Selo
Verde, criado numa parceria entre a Associação de Dirigentes de Empresas do
Mercado Imobiliário (Ademi), a Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) e a
Secretaria municipal de Meio Ambiente.
O selo é concedido a empresas que dão um destino adequado aos resíduos
gerados durante a construção. Eles devem ser separados ainda no canteiro de
obras, de modo que parte do material seja reaproveitado.
Colocamos em prática a reciclagem do material da obra e normatizamos a
coleta de resíduos. Hoje, reciclar se tornou um há bitodentro da construtora. De copos de plástico a restos de madeira – diz o engenheiro da Pinheiro Pereira, Guilherme Arueira.
Já a construtora e incorporadora Even divulgou recentemente seu primeiro
relatório anual de sustentabilidade, baseado em normas internacionais. Nele,
a empresa detalha as suas ações de responsabilidade socioambiental:
Criar uma madeira reciclável com aparência e textura idênticas às da madeira
comum. Esse foi o desafio assumido pela Ecowood, empresa com sede em Duque
de Caxias, na Baixada Fluminense. Recém-criada, a nova tecnologia consumiu
um ano de pesquisas. O resultado – a madeira Ecowood – já está disponível no
mercado nacional.
O processo de fabricação, explica Marcelo Queiroga, sócio-administrador da
empresa, é inofensivo ao meio ambiente. Não produz resíduos ou emissão de
gases, e as aparas são sempre reutilizadas. A Ecowood também emprega, quase
que exclusivamente, pessoas de comunidades carentes do município.
A base do produto é composta por qualquer tipo de plástico reciclável, ao
qual se pode agregar até 40% de fibras vegetais, como serragem, bagaço de
cana, fibra de coco, bambu, algodão, folhas e mais uma infinidade de
materiais.
– A combinação de plástico e fibras faz com que o produto tenha a aparência
e a consistência da madeira. Isso permite ainda que ele possa ser pregado,
aparafusado ou serrado, como uma madeira natural. Além de evitar o corte de
árvores, essa tecnologia contribui para eliminar resíduos do meio ambiente – destaca Queiroga.
O material, completa ele, pode ser usado, sem restrições, na construção de decks, móveis de jardim e piscina, cercas, estrados e demais peças que requeiram um material resistente e de fácil manutenção:
– O Ecowood é especialmente vantajoso em ambientes hostis à madeira natural, como locais úmidos ou com excessiva exposição ao sol. Ele ainda pode ser pintado, pigmentado ou receber a aplicação de aditivos para fins específicos, como proteção antichama.
Além de ser resistente às ações do tempo, como sol e chuva, a madeira
reciclável é impermeável; não absorve ou retém umidade; dispensa a aplicação
de resinas ou vernizes; não solta farpas e é imune a pragas como fungos e
insetos.
De olho na crescente demanda por artigos ecologicamente corretos, a Santa
Mônica, especializada em tapetes, importou dos Estados Unidos um carpete
produzido a partir de garrafas PET. De acordo com o gerente de Marketing da
marca, Gustavo Mera, o produto – que se chama Eco – é responsável por
retirar do meio ambiente cerca de três bilhões de garrafas por ano.
– Buscar soluções inovadoras de sustentabilidade é uma exigência do mercado
atual. E, além de atender esses requisitos, o carpete custa 10% a menos que
o produto tradicional – afirma Mera.
Por enquanto, o carpete está disponível apenas na cor crua mas, em breve,
segundo o gerente, três novas cores chegarão ao mercado.